Videopoesia
não é pegar um poema com palavras bonitinhas, botar na tela e colocar umas
imagens referentes a essa poesia. (…) É preciso que a imagem seja a célula
maior da expressão audiovisual.
A
avaliação de uma videopoesia possui diversas variáveis: a interação texto-imagem-som
(se houver), os efeitos especiais, a combinação de cores e tons, o nível de
interatividade, etc. A construção da videopoesia implica no conhecimento das
ferramentas (softwares) que trabalham com imagem, texto, som e efeitos. Ou
seja, um projeto integrado entre o texto poético e os recursos multimídia, tem
mais possibilidades de funcionar.
Diferente
da poesia impressa, a videopoesia permite a mudança súbita de estado do texto.
Oferecendo espacialidade, tornando palavras em objetos, tal como imagens. Além
disso, a verticalidade do texto dá lugar à sua horizontalidade e os elementos
de ligação são substituídos por movimentos e posicionamentos dos vocábulos na
tela. Assim como a poesia concreta, a forma é um elemento muito importante na
videopoesia. Devido à capacidade de metamorfose, superposição, associação de
imagens e sons, a videopoesia é extremamente lúdica. A movimentação do texto na
tela, coisa que o texto impresso não nos permite, ou a leitura partindo de
vários pontos, é outra maneira de explorar a aptidão visual da poesia.
Como criação artística, a videopoesia proporciona e provoca a transmissão de emoções, ideias e reflexões de maneira mais ampla e acessível. Se tornando uma forma criativa para abordar questões sociais, políticas ou existenciais, oferecendo um espaço para a expressão de diversos pontos de vista.
Escolha
do poema: o poema deve possuir uma narrativa visualmente
sugestiva e emocionalmente rica. Poesia com metáforas visuais fortes costumam
funcionar bem nesse formato.
Storyboard
ou roteiro visual: planeje a sequência de imagens que
acompanharão o poema. Isso pode ser feito por meio de um storyboard, em outras
palavras uma lista que ajuda você a visualizar a sincronização das imagens com
o texto. Cuidado, não seja redundante, isto é, se o poema diz, não repita na
imagem...
Elementos
visuais: A videopoesia Incorpora
imagens visuais que complementam ou interpretam o texto poético. Essas imagens
podem ser vídeos, fotografias, animações, grafismos ou até mesmo texturas que
amplificam a mensagem do poema.
Trilha
sonora, fundo musical e sons ambientes: Música ou sons adicionados têm a função de criar uma
atmosfera que valorize a emoção transmitida pelo poema.
Edição
criativa: A montagem e a edição são etapas vitais na criação,
a forma como os elementos são organizados, combinados e sincronizados vai
refletir na fluidez e no impacto da mensagem.
O movimento:
incorporado ao texto é a principal contribuição que a linguagem do vídeo traz à
poesia. Ele pode conduzir os sentidos das palavras, trazendo alterações sobre o
resultado final de mensagens poéticas. Amplia a noção de tempo dos vocábulos e
quebra a linearidade da leitura, revelando palavras em movimentos distintos dos
tradicionais, de cima para baixo ou da esquerda para a direita.
Imagem e efeitos especiais: se
uma imagem deve ser modificada ou não, sempre dependerá da eficácia de sua justaposição
com texto e som. Dos inúmeros efeitos na edição da obra, duas transições
provaram ser inestimáveis: a dissolução e o fade. Ambas afetam a percepção do
tempo. A dissolução, sobreposição de uma imagem sobre a outra simultaneamente é
usada para indicar que um período de tempo decorreu entre as duas cenas. Quando
a sobreposição é prolongada, produz uma experiência de tempo suspenso. Um
quadro congelado ou efeito de tela dividida, possuem menor valor poético do que
a dissolução ou o fade.
Câmera lenta:
sugere uma suspensão gradual do tempo; um estado de sonho é evocado; a ação se
desenrola como uma pintura; uma percepção da realidade é enfatizada. Na
estrutura da videopoesia, funciona como pontuação.
Na
edição: explore diferentes técnicas de edição para criar
transições suaves entre as imagens, sincronizando-as com a narrativa do poema e
a trilha sonora.
Atenção
ao ritmo: a cadência das imagens e da música deve fluir em
harmonia com o ritmo do poema, criando uma experiência audiovisual coesa.
Tempo: sequencias lentas ou
rápidas resultarão em diferentes valores de percepção. Um tempo rápido resulta
numa percepção visual instantânea, tendendo no limite para o subliminar. Por
outro lado, um tempo lento tenderá a propor uma leitura interiorizada, abrindo-se
para a fruição subjetiva.
A Cor: fundamental como
agente orientador do movimento dos elementos verbais e não verbais. A cor
guia o movimento dos olhos, agindo como um gerador semântico e emocional.
Elementos Sonoros: O
som, a música, a voz humana e o ruído, também são importantes como contraponto
em relação às imagens visuais, criando uma atmosfera que facilita a leitura.
Mas, o silêncio como elemento pode ser bem interessante!
Feedback
e revisão: peça a opinião de outras pessoas. Às vezes, um
olhar externo pode fornecer insights valiosos para aprimorar
sua videopoesia.
Experimentação
criativa: não tenha medo de experimentar. A criatividade é
uma parte essencial na produção desse gênero. Explore novas formas e lembre-se
de que não há uma fórmula definitiva, mergulhe em combinações para criar uma
experiência impactante e significativa.