04/01/25

Dicas Para Produzir Uma Videopoesia

 

Videopoesia não é pegar um poema com palavras bonitinhas, botar na tela e colocar umas imagens referentes a essa poesia. (…) É preciso que a imagem seja a célula maior da expressão audiovisual.

A avaliação de uma videopoesia possui diversas variáveis: a interação texto-imagem-som (se houver), os efeitos especiais, a combinação de cores e tons, o nível de interatividade, etc. A construção da videopoesia implica no conhecimento das ferramentas (softwares) que trabalham com imagem, texto, som e efeitos. Ou seja, um projeto integrado entre o texto poético e os recursos multimídia, tem mais possibilidades de funcionar.

Diferente da poesia impressa, a videopoesia permite a mudança súbita de estado do texto. Oferecendo espacialidade, tornando palavras em objetos, tal como imagens. Além disso, a verticalidade do texto dá lugar à sua horizontalidade e os elementos de ligação são substituídos por movimentos e posicionamentos dos vocábulos na tela. Assim como a poesia concreta, a forma é um elemento muito importante na videopoesia. Devido à capacidade de metamorfose, superposição, associação de imagens e sons, a videopoesia é extremamente lúdica. A movimentação do texto na tela, coisa que o texto impresso não nos permite, ou a leitura partindo de vários pontos, é outra maneira de explorar a aptidão visual da poesia.

Como criação artística, a videopoesia proporciona e provoca a transmissão de emoções, ideias e reflexões de maneira mais ampla e acessível. Se tornando uma forma criativa para abordar questões sociais, políticas ou existenciais, oferecendo um espaço para a expressão de diversos pontos de vista.


Poema como base: A videopoesia começa com a estrutura central de um poema. Esse poema pode ser escrito pelo próprio criador da videopoesia ou ser uma obra pré-existente adaptada para o formato audiovisual. No POVID, é obrigatório que o poema apresentado seja de própria autoria.

Escolha do poema: o poema deve possuir uma narrativa visualmente sugestiva e emocionalmente rica. Poesia com metáforas visuais fortes costumam funcionar bem nesse formato.

Storyboard ou roteiro visual: planeje a sequência de imagens que acompanharão o poema. Isso pode ser feito por meio de um storyboard, em outras palavras uma lista que ajuda você a visualizar a sincronização das imagens com o texto. Cuidado, não seja redundante, isto é, se o poema diz, não repita na imagem...

Elementos visuais: A videopoesia Incorpora imagens visuais que complementam ou interpretam o texto poético. Essas imagens podem ser vídeos, fotografias, animações, grafismos ou até mesmo texturas que amplificam a mensagem do poema.

Trilha sonora, fundo musical e sons ambientes: Música ou sons adicionados têm a função de criar uma atmosfera que valorize a emoção transmitida pelo poema. 

Edição criativa: A montagem e a edição são etapas vitais na criação, a forma como os elementos são organizados, combinados e sincronizados vai refletir na fluidez e no impacto da mensagem.

O movimento: incorporado ao texto é a principal contribuição que a linguagem do vídeo traz à poesia. Ele pode conduzir os sentidos das palavras, trazendo alterações sobre o resultado final de mensagens poéticas. Amplia a noção de tempo dos vocábulos e quebra a linearidade da leitura, revelando palavras em movimentos distintos dos tradicionais, de cima para baixo ou da esquerda para a direita.

Imagem e efeitos especiais: se uma imagem deve ser modificada ou não, sempre dependerá da eficácia de sua justaposição com texto e som. Dos inúmeros efeitos na edição da obra, duas transições provaram ser inestimáveis: a dissolução e o fade. Ambas afetam a percepção do tempo. A dissolução, sobreposição de uma imagem sobre a outra simultaneamente é usada para indicar que um período de tempo decorreu entre as duas cenas. Quando a sobreposição é prolongada, produz uma experiência de tempo suspenso. Um quadro congelado ou efeito de tela dividida, possuem menor valor poético do que a dissolução ou o fade.

Câmera lenta: sugere uma suspensão gradual do tempo; um estado de sonho é evocado; a ação se desenrola como uma pintura; uma percepção da realidade é enfatizada. Na estrutura da videopoesia, funciona como pontuação.

Na edição: explore diferentes técnicas de edição para criar transições suaves entre as imagens, sincronizando-as com a narrativa do poema e a trilha sonora.

Atenção ao ritmo: a cadência das imagens e da música deve fluir em harmonia com o ritmo do poema, criando uma experiência audiovisual coesa.

Tempo: sequencias lentas ou rápidas resultarão em diferentes valores de percepção. Um tempo rápido resulta numa percepção visual instantânea, tendendo no limite para o subliminar. Por outro lado, um tempo lento tenderá a propor uma leitura interiorizada, abrindo-se para a fruição subjetiva.

A Cor: fundamental como agente orientador do movimento dos elementos verbais e não verbais.  A cor guia o movimento dos olhos, agindo como um gerador semântico e emocional.

Elementos Sonoros: O som, a música, a voz humana e o ruído, também são importantes como contraponto em relação às imagens visuais, criando uma atmosfera que facilita a leitura. Mas, o silêncio como elemento pode ser bem interessante!

Feedback e revisão: peça a opinião de outras pessoas. Às vezes, um olhar externo pode fornecer insights valiosos para aprimorar sua videopoesia.

Experimentação criativa: não tenha medo de experimentar. A criatividade é uma parte essencial na produção desse gênero. Explore novas formas e lembre-se de que não há uma fórmula definitiva, mergulhe em combinações para criar uma experiência impactante e significativa.